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Se ninguém fala…

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Quando Mário de Andrade publicou o livro Paulicéia Desvairada lá pelos idos de 1922, descreveu uma capital em versos pela sua transformação cosmopolita estimulada pela industrialização e a explosão demográfica que impulsionou as mudanças da paisagem urbana, atribuindo esse processo ao desvairismo às vezes até patético, sem deixar o lirismo de lado. Isso foi há 94 anos. E São Paulo, de lá para cá, se transformou na grande metrópole, na capital das artes, da gastronomia, da pressa, do trabalho… Honesto, diga-se de passagem.

Tenho plena certeza que se vivo, Mário de Andrade descreveria outra cidade desvairada, não por seus habitantes, mas por seu poder, não com lirismo, mas com poesias indigestas e vanguardistas. São Paulo continua desvairada e Brasília cada vez mais louca, desnorteada, sem a mínima noção do que é política, do que é a verdadeira arte de organização, direção e administração de um país, de um povo. Por Brasília, estamos perdendo o senso de urbanidade, de relacionamento interpessoal, de orientação, enfim estamos em conflito com nossos ideais de cidadania. Brasília não sabe que regime democrático é aquele no qual o povo exerce a soberania através dos seus representantes com o objetivo de colocar em prática os princípios da liberdade individual e coletiva e respeito à vontade da maioria. Se isso é democracia, Brasília está completamente desvairada. De desvario em desvario, Brasília está destruindo as conquistas e os sonhos dos brasileiros.

Se é dever de um governo democrático respeitar a vontade da maioria, não haveria necessidade de um doloroso processo de “impitimam”, cujo termo com essa grafia a presidente do Brasil detesta, porém Mário de Andrade usaria tranquilamente sem causar nenhum constrangimento à língua portuguesa. “Impitimam” é modernismo, é vanguarda, é histórico… No lusco-fusco de um governo decadente, a nobreza da renúncia resolveria tudo e poderíamos sair do pesadelo para despertar em uma gargalhada triunfante que todos nós merecemos. É a vontade da maioria…

Desvairado, Claudilei, meu guru… Desvario mesmo foi ter chegado até aqui com um sonho que se transformou em realidade. Desvario é lutar sem perder a força, é construir um alicerce forte apesar de tudo… A loucura, o desejo e o luzir na escuridão… Enxergar adiante quando muitos desviam o olhar. Homem maior é o que você é. Ramo mestre de uma árvore que cresceu e continua. Rendo minha justa homenagem e desejo vida longa a esse jornal que é um marco no segmento da Serigrafia e Comunicação Visual no Brasil. 20 anos de fecundação contínua, 240 partos e o super pai iluminando a cada número os tumultos da luz… Parabéns, Sousa, com dois “esses”, porque você é único mesmo. O Jornal “O Serigráfico” rompeu a barreira do tempo de uma inspiração onde os sonhos se irmanaram. Parabéns, parabéns. Obrigado a você, Sousa, e obrigado Mário de Andrade pela lembrança inspiradora.

Sinval Lima
sinval@brisk.com.br

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