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Eduardo Gomes Jr., da Chromajet

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oserigrafico-veterano-eduardo-gomes-chromajetFoi com 7 anos de idade que Eduardo Alexandre Gomes Junior começou a empreender. “Comecei fazendo pipa pra vender com 7 anos de idade. Percebi que todo mundo queria comprar pipa pronta e soube aproveitar o ‘nicho de mercado’. Vi que dava um dinheirinho e me animei! Um dia, fui cortar o cabelo e vi uns meninos rindo pra caramba na porta do cabeleireiro. Fui ver do que se tratava e encontrei os meninos bem vestidos, engraxando sapatos. Logo percebi que aquele era um negócio mais lucrativo do que fazer pipas e resolvi tentar a sorte. Cheguei a montar minha caixa de engraxate, mas quando meu pai percebeu, acabou não me deixando trabalhar com isso. Como ele viu que eu não ia sossegar, resolveu me levar pra ajudá-lo na empresa em que ele trabalhava. Na época, meu pai era desenhista”, relembra Eduardo.

Aos 13, o pai conseguiu para o filho um emprego “mais oficial”, estampando canetas nessa mesma empresa. “Sem saber, ali iniciava minha carreira na serigrafia. Aos 14, fui para a empresa de comunicação visual Abril Serigráfica, onde fiquei até os 18 e aprendi tudo! Gravava tela, imprimia, comprava, vendia, entregava, tudo mesmo. Com essa idade, a gente não tem muito posto fixo, então acaba passando por todos os setores. Aquela foi minha maior escola”, comenta.

Quando resolveu sair de lá, Eduardo já estava disposto a montar sua própria empresa, o que aconteceu em seguida. “Junto com meu pai e minha mãe, montei a Jussara Brindes, empresa de material promocional. A empresa funcionou de 88 até 2000, quando meu pai faleceu e decidimos fechar a empresa. Dois anos depois, nasceu a Chromajet, que montei sozinho e onde atuo até hoje”, diz.

A empresa começou mais tímida e hoje é uma das maiores empresas de serigrafia de São Paulo, já com uma filial em Fortaleza. “Comecei com silk, fazendo cartões de visita, sacolas plásticas, adesivos, brindes, coisas pequenas mesmo. Mas eu sempre gostei de comunicação visual em geral e no dia em que fui visitar uma grande empresa do setor, fiquei fascinado. Foi ali que descobri que era isso o que eu queria fazer da vida e comecei a correr atrás de produzir as peças das campanhas publicitárias. Crescemos, mas com a crise que a Lei Cidade Limpa provocou, tive que me reinventar. Na época, eu fazia frota de táxis e produzia material para 20/30 mil táxis todo mês, o que perdi com essa lei. Foi um baque, mas buscamos novos mercados, logo a publicidade se adequou também e voltamos a crescer. Hoje fazemos as peças de campanhas de grandes empresas, como a distribuidora Coca-Cola do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, Sadia, Perdigão, entre outras. Temos praticamente nossa produção fechada para o ano todo. Recentemente resolvi investir na Impressão Digital também e hoje já temos quase 10{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} da nossa produção utilizando impressão digital”, comenta.

Sempre preocupado com o meio ambiente, Eduardo vem implementando e aperfeiçoando processos ecológicos desde que montou a empresa. “Temos a linha Ecojet, que é produzida apenas com material ecológico e a linha PDV Verde, onde o cliente que devolver o material depois da campanha recebe um desconto no próximo pedido. Em São Paulo, possuímos a logística reversa e todo o material coletado é destinado para cooperativas que beneficiam esses resíduos. Também temos coleta de água de chuva para uso na lavagem de telas e até compramos alguns displays feitos a partir da reciclagem do nosso próprio material”, diz.
Nesses quase 30 anos de história no mercado de serigrafia, casos inusitados não faltam, mas Eduardo elenca dois que marcaram bastante: “uma vez produzimos uma campanha para a IBM, onde tínhamos que fazer e instalar algumas faixas de rua. Quando terminamos de instalar, junto com o contratante, passou um carro do CET e começou a cortar todas as faixas. O problema é que eles não cortavam apenas as tiras que seguravam as peças, mas cortavam as faixas bem no meio. Resultado: um trabalhão danado jogado fora. Sorte que o cliente estava acompanhando a colocação e viu que não tivemos culpa. A outra história inusitada foi quando fizemos a instalação de adesivos no aeroporto de Congonhas. O trabalho só podia ser feito enquanto o aeroporto estivesse fechado, portanto, entre 23h e 5h da manhã. Cansados, nos revezamos e dormimos nas esteiras de bagagens”, conta ele.

“Personagens importantes na minha trajetória não faltam. Fico até com medo de esquecer de citar alguém. Sem dúvida, o maior deles foi meu pai, um pioneiro, um cara que enxergava muito além do mercado. Foi com ele que aprendi boa parte do que sei e foi ele quem me deu a base para ser o empresário em que me transformei. Outras pessoas significativas na minha vida foram o Sergio Horta, O Mario, da Loricolor, o Sr. Barroso, o Brito, da Tecnopaint, o Hans, da Saturno, o Celso da TMC… Foram pessoas que desenvolveram muita coisa e mudaram esse mercado. Todo mundo que está no mercado hoje deve muito a eles”, declara.
Sobre as mudanças no mercado nesses anos, Eduardo comenta que a mudança foi bastante radical. “Os processos de impressão mudaram bastante, pois antes só tínhamos serigrafia, tipografia e off-set. Depois da entrada da tecnologia UV no mercado, tudo mudou. Isso foi um divisor de águas, primeiro na serigrafia e depois na impressão digital. Apesar de muita gente dizer que a serigrafia vai acabar, eu desacredito. Ainda produzo 90{0745c43c0e3353fa97069a60769ee4ddd8009579514cad9a011db48d81360048} do meu material em serigrafia e não devo diminuir nos próximos 5 anos. A tendência é que o processo seja efetivamente mais usado em especialidades, como cores especiais, localizados, vernizes, etc., mas acabar, jamais!”.

Para quem está começando, Eduardo recomenda: “invista em estudo de tecnologias, invista em pessoas, os mercados mudaram e a forma de atendimento também. Hoje todas as aéreas precisam ser integradas, marketing tem que acompanhar a produção, o financeiro tem que fazer parte do processo criativo, a produção precisa saber qual a importância do cliente dentro da empresa, assim é inevitável um futuro muito próspero. O mercado está crescendo exponencialmente em termos de equipamentos e hoje não temos especialistas suficientes em manutenção de máquinas. Esse é um excelente mercado para se explorar”. E completa: “tecnologia hoje todo mundo tem acesso, mas é preciso criatividade para se destacar no mercado. Ter um bom atendimento e buscar novos mercados e novas formas de fazer as coisas também são fundamentais para o sucesso. Tenho feito meu trabalho da melhor forma possível e hoje tenho o reconhecimento dos meus clientes, pois não é o que faço e sim como faço. Trabalhar com amor é o que faz de você um bom profissional”.

Se ninguém fala – 02/2015 – por Sinval Lima

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